Tapete vermelho, espelhos d'água e uma passarela de madeira: qualquer reles mortal que entra no Pavilhão da 30ª São Paulo Fashion Week, edição que comemora os 15 anos do evento, sente-se desfilando. Na boca de cena, a logomarca foi transformada em escultura de lâmpadas. Pura luz. Nos corredores, tudo pink e verde – das 1,5 mil samambaias que serão doadas ao Parque do Ibirapuera com o término do evento, iniciado nesta sexta-feira (28) e que segue até 2 de fevereiro.
Mas não é só de glamour, criatividade e atitudes ecologicamente corretas que é feita a SPFW. O diretor criativo do evento, Paulo Borges, convidou para a sala de estar que abriu oficialmente a semana de moda o governador Geraldo Alckmin e o prefeito da Capital, Gilberto Kassab.
E, assim, teve início a aula de matemática.
A conversa numérica começou com a mestre de cerimônias Cristiane Pelajo, jornalista que apresenta o evento há cinco edições. Ela lembrou que a moda movimenta no país US$ 50 milhões por ano. De cola em mãos para agradecer as pessoas certas e lembrar os percentuais, Kassab revelou que a economia criativa impulsionada pela moda cresceu 6,3% de 2003 a 2009 contra 3% dos demais segmentos econômicos na maior cidade do país. As informações estão no 1º Inventário da Economia Criativa, que será lançado esta semana durante a Fashion Week.
“Há seis anos, quando vim aqui pela primeira vez, disse que a SPFW veio para ficar e que apoiaríamos a iniciativa. Hoje, nós agradecemos o evento, recordista de ocupação hoteleira e geração de tributos e empregos. A moda ultrapassou a Fórmula 1”, brincou. Em seguida, salientou que as duas edições do evento respondem por 11,7% da ocupação hoteleira da cidade e respondem, durante as duas semanas, por 68% dos leitos ocupados. A arrecadação de ISS nestes períodos cresce 26,6% – o que, em 2009, representou R$ 158 milhões. São 403 mil postos de empregos gerados pelo evento e um faturamento de R$ 9,6 bilhões.
E a SPFW, definitivamente, dita tendências: várias entidades ligadas à moda aproveitam a temporada e trazem à capital 11, 7 milhões de visitantes. “Neste fim de semana, a cidade tem dois mil show-roons de moda. Sabe qual a diferença entre um país rico e um pobre? O país pobre exporta produtos primários, o rico agrega valor a seu povo e se projeta no mundo”, acrescentou o governador Geraldo Alckmin. O governador aproveitou para fazer propaganda do Banco de Fomento, que oferece para o segmento investimentos com juros de 8% ao ano, cinco anos para pagar e mais uma série de vantagens para quem quer ingressar no setor ou ampliar seu trabalho. FEIO? / Na abertura, Paulo Borges brincou dizendo que, no fundo, é “feio” – um ser humano cheio de defeitos que briga muito pelo sonho de formar um país de moda. Alckmin discordou. “Como um cara que se diz tão feio pode fazer algo tão bonito?”, discursou.
Entre os patrocinadores diretores da Oi, Melissa, O Boticário, Shopping Iguatemi e Impala ressaltaram que o evento é uma plataforma importante para o posicionamento das marcas e que, em outros lugares do mundo, a organização das semanas enquanto fomentadora de negócios não chegam aos pés do Brasil.
Animale invade a passarela com transparências
Com um desfile de tops, incluindo Raquel Zimmermann, número 1 do mundo, a grife carioca Animale se inspirou no universo da selaria para compor seu inverno 2011. O couro e as transparências, característicos da grife, permearam todos os looks da designer Priscila Darolt sob a direção de Claudia Jatahi. A alfaiataria selou um galope de peças estruturadas, que também formavam uma matemática de looks: calça + colete = macacão ou saia + jaqueta = vestido.
Essa moda simplificada agradou a modelo e consultora de estilo Isabela Fiorentino – que, ao final do desfile, elogiou os tons nude que predominam na coleção, os detalhes perolados e as calças mais curtas. “Tinha uma pretinha de barra dobrada, no fim do desfile, que achei uma graça”, comenta, numa simpatia ímpar.
As calças foram peças mais ganharam versões: curtas e secas ou mais longas e com boca larga. O visual parece de verão, mas o truque para aquecer são tecidos tecnológicos, flor de couro (o couro mais fino existente) e tricôs em lã de alpaca, que trazem um resultado levinho, mas quentinho.
